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A Ordem em defesa da Mulher Advogada

Data: 08/03/2013 16:11

Autor: Carla Caroline de Paula Rocha

    Nesse dia 08 de Março comemoramos o dia da Mulher de outra forma, refletindo sobre todos os fatos que envolveram as agressões sofridas pelos manifestantes e pelos advogados que vivenciaram enormes abusos físicos e psicológicos cometidos pelas autoridades policiais. 
 
    O momento nos faz refletir sobre o papel da Mulher Advogada e do posicionamento da Ordem dos Advogados em defesa das mulheres.
 
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    A Constituição Federal de 1988 afirma a importância social do advogado e contempla a igualdade entre gêneros, todavia vivenciamos um tradicionalismo histórico, com a propagação de preconceitos e desigualdades incompatíveis com os princípios democráticos, corolários da atual República Federativa do Brasil, a exemplo das dificuldades e preconceitos que ainda sofre a mulher e a advogada, em razão do gênero.
 
    Envolta nesse conceito de que a Mulher sofre menosprezo no exercício de sua profissão, realizei meu primeiro plantão no Tribunal de Prerrogativas da Ordem dos Advogados, recebi uma ligação informando que estava ocorrendo agressões a dois colegas, dentre eles uma Advogada. Ao chegar à delegacia, me deparei com uma série de erros infelizes e abusos cometidos em toda esfera do procedimento que acarretou a prisão dos manifestantes e dos advogados. 
 
    Em se tratando do primeiro plantão, revestida dessa visão preconceituosa em face da mulher, tinha a concepção que por ser mulher, teria dificuldade de solucionar a situação, realmente no primeiro contato o clima estava pesado devido aos fatos e diversos policiais bloqueavam a sala de lavratura da ocorrência impedindo a entrada na referida sala, mas ao realizar a identificação ao Delegado de Plantão a recepção foi cortês e respeitosa.
 
    A Comissão espalhou a notícia entre outros colegas e em questão de minutos havia em torno de dez advogados na Delegacia, logo em seguida chegaram autoridades como o representante da Corregedoria da PM e do Comando Geral dentre outras autoridades. 
 
    Consegui ingressar na sala de lavratura da ocorrência e observei que em minutos a delegacia foi tomada de advogados e a situação externa foi rapidamente controlada, todos os colegas se uniram em prol de auxiliar os advogados atingidos, repudiando a agressão sofrida pelos colegas. 
 
    Com essa experiência ficou clara a posição da Ordem em relação aos profissionais, compreendi que enquanto Advogada não me encontro sozinha, faço parte de uma Classe que exige respeito pela sua profissão, independente de gênero, preza pela igualdade, ao contrário da concepção arcaica que tinha, não só vislumbrei o apoio a Advogada agredida como também fui extremamente respeitada e apoiada. 
 
    Demonstra que a Ordem dos Advogados é uma instituição unida, que não tolera as atitudes vivenciadas pelos colegas, presenciei naquele momento a sensibilização dos demais colegas pela Advogada agredida no exercício de sua profissão, senti que houve pleno respeito pela figura não só da Advogada assistida, mas  principalmente pela figura da Mulher, que não se acovardou perante as coações, uma mulher que mostrou força no transcorrer da ocorrência. 
 
    Percebi que não estava em Plantão no Tribunal de Prerrogativas em defesa dos colegas feridos  em seu direito de exercício da profissão,estava em serviço pela classe como um todo, como Advogada me senti parte da instituição, ficou claro que cada advogado é parte  essencial do sistema, profissionais que sem qualquer remuneração priorizam o atendimento e respeito os demais colegas. 
 
    No dia da Mulher posso dizer que sinto orgulho de ter escolhido essa bela profissão, essa quebra de paradigma que ocorreu e me sensibilizou é reflexo de nossas lutas em busca da igualdade de tratamento. 
 
    As mulheres estão conquistando espaços e posições significativas em diversas esferas da sociedade, mesmo diante da infelicidade de ter socorrido uma colega que sofreu agressões, me alegra recordar nesse dia 08 de Março que os abusos cometidos contra a mulher e contra os cidadãos não serão tolerados, comprovação nítida do sucesso de nossa luta, que é contínua em busca de tratamento igualitário entre os gêneros. 
 
    Somos poucas dentro do meio jurídico, mas somos fortes, depois de toda essa experiência tenho muita felicidade em dizer que “SOU MULHER E ADVOGADA”.  
 
Carla Caroline de Paula Rocha é advogada tributarista e membro do Tribunal de Defesa das Prerrogativas da OAB/MT
E-mail: carlar.adv@gmail.com. 
 
 
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